quarta-feira, 5 de junho de 2019

Mais reclamos do amor

Caminho pela rua
Vejo você nua
E fito a Lua
Palco do ator que atua

Entre a terra e o sol
Lá está ela em harmonia
Quando vem o arrebol
Eis que sua majestade prenuncia

O espaço infinito
É como o eco do grito
Nas montanhas que fito
Com coração contrito

Queria eu ter coragem
Para esse mundo enfrentar
Pois dessa engrenagem
Sou a peça a destoar

Aquilo porque clamo
Subsiste noutro plano
Dessa história sou decano
Por isso ainda chamo, ainda amo

Rebuscando

Das situações que passei

Muitas chances reais perdi
Dentro em breve aqui não mais estarei
E o lamento me dirá o que não vivi

Assim como a disciplina da bailarina
Tenho a vida imersa na fiel rotina
Que do amor tão pouco me ensina
Receio ser essa minha sina

O brado contido rasga meu peito
Enquanto confortavelmente apodreço no leito
O discurso do coração já foi feito
Provai do gosto, provai do beijo

O combustível da emoção que bebo
É aquele oriundo do mais absoluto medo
Batendo à porta está o latente segredo
Da superação do ontem e do amanhã que vem cedo

Nesse ponto equidistante está o agora
E na cabeça do tempo eis que já é hora
Da carapaça que me reveste ir embora
E o frágil homem mostrar sua aurora

Que a minha fiel sobriedade
Permaneça até uma certa idade
Quando se for a mocidade
Que vá também a mediocridade

Eu tenho flertado com o errado
Que se mostra certo ao outro lado
No desconhecido permaneço fitado
Pois necessário é conhecer seu postulado

Cada frase tem uma estima
Que no verso tem sua rima
Quando avisto o céu acima
Desejo aquela que me fascina