terça-feira, 25 de setembro de 2018

Minha luz obscura

A luz que em ti resplandece
Em minh'alma aquieta e aquece
Meu coração que não mais entristece
E meu corpo, inerte, estremece

A profundidade do oceano
É como a mulher e seu plano
Entre o sagrado e o profano
Repousa minha paz sem engano

Há muito que o amor foi corrompido
Pelo homem foi torturado e traído
Durante o nictêmero eu o tenho sentido
Mesmo nas masmorras de um coração falido

Ontem eu não existia
Meu corpo jazia em agonia
Quando o cosmos enfim trazia
Aquela que inevitavelmente me amaria

Pode-se viver mais de um amor
Cada um com sua luz e sua dor
Ainda assim, cada qual com sua flor
Unicamente linda, seja qual for sua cor

Meu corpo é átomo do céu
O mesmo do qual é feito o mel
Que é apenas defeito no fel
Eis a prova em Caim e Abel

Meu amigo e meu algoz é o tempo
Traduz quem sou em pensamento
Traz a mim aquela que me é alento
Em meio à vida em contratempo

Tu és meu contraponto
Música dissonante em confronto
Com tempestade e desencontro
Todavia, o compasso sempre está pronto

No âmago do meu ser
O velho homem está a perecer
Nessa terra ele há de renascer
Novo como um belo amanhecer

Nenhum comentário:

Postar um comentário