sábado, 21 de maio de 2016

O Tempo

É interessante notar que no tempo não pode haver a ideia de eternidade, ou como erroneamente é dito, para sempre. O tempo simplesmente é o que é, e, por isso mesmo, não permite que as coisas sejam perenes. Aquilo que foi é justamente o pretérito imortalizado na finitude da vida. Se foi bom ou ruim não deixa de ter sido uma experiência que é o tijolo de cada dia colocado na parede da casa que abriga o coração. 

Quando se completa a parede, fechando a casa, o coração fica sufocado, sem luz e, finalmente, para de bater. E isso é necessário quando a vida acontece dentro do tempo, aliás, não há como ocorrer fora dele, salvo no Criador de tudo, inclusive do soberano tempo. 

Não há tempo para eternidade, seja ela qual for, seja pela própria vida, seja pelo amor. É mister que se compreenda que tudo de bom e de ruim está acontecendo agora, no nosso tempo, na nossa vida. Tudo o mais a respeito da eternidade é mera especulação dos interesses e desejos de cada ser humano e que são fruto das suas próprias experiências, dentro de um conjunto de cartas soltas ao vento e que passam pelo palco da vida.

As experiências de ontem podem coexistir com as que estamos vivendo e, mais paradoxalmente, com aquelas que hão de vir. Essa é a maravilha da vida que acontece no tempo e que não pressupõe o estado eterno. Aliás, suportar para sempre aquilo que somos, seja bom ou ruim, pela eternidade "toda" - inexequível, diga-se de passagem, seria a maior de todas as prisões que poderíamos estar sujeitos.