quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Observando

Hoje eu vi um cachorro na calçada, atropelado...
Várias pessoas o acolhendo e providenciando a sua ida a um veterinário.
Ontem eu vi um homem moribundo na calçada, coçando suas chagas...
Várias pessoas passando... e as chagas pareciam não existir... inclusive para mim.
São contrates assim que evidenciam a doença da mente humana: a indiferença.
Quero ajudar mas não consigo... já é tarde para mim. A doença se instalou e fico somente à espera.
Ó Deus, como poderei reaver minha felicidade antes de não mais estar aqui?
Era tudo tão simples... havia sentido, simples, mas havia.
A complexidade da vida veio e com ela a doença da tristeza sem motivação.
É o preço por saber de coisas que queríamos que fossem diferentes e que raramente conseguiremos mudar.
Isso não é uma poesia. Nem um lamento. 
É a constatação de um fato: estou envelhecendo.

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Olhando pro alto

Às vezes eu tento encontrar a Deus 
Sinto que os caminhos não são meus
No ponto equidistante onde nem o breu
Me faz esquecer dos olhos teus

O universo em sua grandeza
Pressupõe tua sutileza
De todas as estrelas tenho certeza
Tu és minha realeza

Antes de a grande estrela morrer
Seu calor há de permanecer
No seio da mulher que me faz viver
Onde minha vida deve acontecer

Lá do alto vem a esperança
Desejo que me fisgue como lança
E que o universo em sua dança
Na minha decisão inspire confiança

segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Não

Queria poder dizer
Mas só me resta escrever
Queria poder falar
Pro mundo inteiro escutar

Quão grande é o sentimento
Que se dissipa no tempo
Enquanto se esvai o momento
Até onde não aguento

Havia uma longa espera
Até onde a solidão já era
Quando enfim o tempo chegou
O miserável assim o negou

É isso que estou a falar
Das chances que não quis abraçar
Para não ter de enfrentar
Aquele homem que não sabe amar

quarta-feira, 8 de julho de 2015

Várias coisas que estão passando pela cabeça

Aquilo que as palavras não dizem
É música para minh'alma
Antes que minhas feridas cicatrizem
Fico imerso em estado de calma

Tranquilamente o tempo vem a mim
Desesperadamente rejeito-o assim
Boi no pasto come capim
Homem na cidade come o seu fim

Compreender a frase terceira
Pressupõe a absorção da primeira
Já a frase final
Somente aqueles que se sentem mal

Este é um poema estranho
Frases soltas, desconexas e evasivas
Porém a fruta que do pé apanho
É alimento para as mais profundas expectativas

Não há o fim de tudo
Essa conclusão não mudo
Se o mal existe, antes havia o bem...
Se tudo tem uma origem, que conclusão se tem...

segunda-feira, 15 de junho de 2015

Realidade virtual

O enfrentamento da realidade é algo que não fazemos conscientemente, visto que o real é absorvido pelo ilusório. Criamos um cenário ideal...pura ilusão. E é pela ilusão que enxergamos a realidade.
Ilusão e realidade...aspectos de um mesmo conceito...existência, seja ela concreta ou abstrata.

sexta-feira, 8 de maio de 2015

Num dado instante...

Do início vem o fim
O meio de um e outro está em mim
Por isso me encontro assim
Dizendo não ao sim

Pessoas pensam me conhecer
Porém, esquecem que no amanhecer
Vida nova está em meu ser
E o eu de ontem não torna a acontecer

Essa metamorfose constante
Define num instante
O amor em meu semblante
Que fomenta um coração amante

No âmago de minh'alma permanece
O sol, o mar, o tempo que entardece
Enquanto o corpo adormece
Ao estado de hibernação meu coração aquiesce

terça-feira, 14 de abril de 2015

Uma conversa franca com Deus

De dentro do carro, pelos olhos do cachorro sentado no colo da madame, Deus vê a criança na rua, desabrigada, suja, rejeitada, indefesa, cuspida no mundo para ser estuprada e sofrer as dores da insanidade da vida...e o cachorro? Não é capaz de compreender nada! Ele quer estar na rua! Enquanto você está ai, no trabalho, na escola, na Igreja, orando...Deus olha por todos...e como olha.

O Deus que nos é apresentado... Ele existe? Ou existe tão somente aquele que brota em nós no simples desejo de querer ajudar ao necessitado? Quem é Deus?

Deus criou o universo e tudo o que existe assim como o homem ao criar uma máquina e não dá a devida manutenção. Se até as estrelas morrem, quanto mais nós...
Não peça nada a Deus, apenas agradeça pela sua existência ínfima num mundo tão desigual.


Deus é o choro e é o sorriso. É a paz e é a guerra. É o fogo e é a água. É o ar que entra e é o ar que sai. É a flor que brota e é a flor que murcha. É a criança que sorri e é a criança que chora. Deus é o movimento e é a inércia. Deus é, certamente, o tudo e o nada. É a vida e é a morte...e é você quando nasce e quando morre.

sexta-feira, 20 de março de 2015

Um lamento

Sentado às margens da baía
Está um homem que há tempos cria
Hoje, não mais que nostalgia,
Restou-lhe pouco da alegria
Das antigas notas daquela harmonia

A impressionante energia
Que da natureza emergia
Não mais entra em sua sintonia
Visto que há muito não trazia
Os ventos que sopravam em melodia

Aquilo que antes acreditou
Hoje infelizmente relativizou
Conhecimento pelo caminho acumulou
Um muro ao final criou
Quando então por cima dele pulou

Encontrou o mesmo mar
Aquele no qual não queria mais nadar
E assim os dias hão de passar
Refletindo sobre onde irá chegar
Quando sua vida enfim cessar

segunda-feira, 9 de março de 2015

Olhando pela janela

Uma noite tranquila
Um rato que passa
Às escuras na vila
A cobra que caça

Essa é a nossa lida
Sem medo da subida
Pois lá está a guarida,
Além das batalhas da vida

Temo à sepultura entregar
Minha vida sem antes alcançar
Os átrios do coração que pulsa no ar
Mas às vezes não quero mais estar

Grande é aquilo que é
Pequeno é aquilo que sou
O universo que existe pela fé
É para onde certamente eu vou

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Desconexo

O dedo que escreve
A mente que pensa
A letra que atreve
O coração que apresenta

Caminho obscuro
A perder de meu eu
Adiante eis o muro
Encoberto no breu

A cadeira de balanço
Vem me dar descanso
Pois, como estou, me canso
E ao desconhecido, avanço

Aqui está o inquérito
Do destino sem permissão
Rebusca no tempo pretérito
O familiar som do coração

Que já bateu no seu peito
E ainda que esteja eu no leito
Lembrarei daquele jeito
Que, se soubesse, jamais teria feito

Insano
Profano
Eu clamo
Porque amo

sábado, 14 de fevereiro de 2015

Uma noite chuvosa

Eis que vêm as nuvens
E com elas a chuva
O vento traz o cheiro que tu tens
E aqui dentro nada muda

Permaneço calado
Cumprindo o que me foi dado
Sentença de lado a lado
O coração foi extraviado

É aqui que surge o desenho
Nesse pequeno espaço que tenho
Anônimos passam por aqui
E leem que meu coração está ai

Saudades do pai meu
Onde Deus o escondeu?
Uma vida melhor Ele prometeu
Até que chegue, eu não sou mais eu

Então qual o significado
Das palavras em amontoado
Se aquilo que faço está errado?
Responda-me, Ser amado!

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Transeunte da solidão

Sob as nuvens da noite densa
Existe vida de forma tensa
E o andarilho de vida errante
Mergulha no mar amante

Antes de tirar conclusão
Espera-se que a ação da mão
Guie o intrépido coração
Que pulsa o sangue da solidão

Um sentimento estranho
Desautorizado a adentrar ao peito
Causa confusão sem tamanho
E o corpo físico repousa no leito

A vida em prosa e verso
É tal como a dança do universo
O ódio em seu inverso
É o amor que permanece submerso

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Conversando com Ele

O dimensional do espaço
É a eternidade a um passo
O gado está no laço
Não entendo o que faço

Permeando o solo a água está
Encontra caminhos inimagináveis
Ao repouso ela chegará
Pois suas leis são imutáveis

Onde está o Deus meu
Que um dia todo mundo creu?
Vive ele no breu?
Onde se escondeu?

Não o vejo na fome
Não o vejo na dor
A dúvida que me consome
Dissipa-se na bela flor

Esse tal planeta mundo
De cuja consciência é oriundo
É por demais profundo
E não quero chegar ao fundo

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

...como eu estava dizendo...

É você quem faz a atmosfera e a sintonia só é plena quando há reciprocidade.
O amor é filho da liberdade, filho da vida que tem asas... E faz um voo completo e tranqüilo, planando pelas colinas da imensidão dessa terra sob o céu azul...
O verdadeiro homem vive oculto...
Às vezes há alguma aparição dele e então a estrela mostra seu brilho...
Um brilho distante que só alguns olhos percebem...
E esse homem não faz disso uma glória...
Ao contrário, nutre-se do anonimato.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Ano novo

É chegado novo ano
Não querendo ser leviano
Mas se trata de mais um engano
Do natal divino voltamos ao profano

Quanta alegria na virada
Eis a hipocrisia na estrada
Felicitações que não dizem nada
Guardamos o ouro em sacola furada

Palavras bonitas entregamos
Mesmo àqueles que não amamos
Para fazer jus aos reclamos
Das tradições que tanto idolatramos

É preciso uma data decretar
Para fazer-nos lembrar
Que nosso semelhante devemos amar
Que nojo isso me dá!

Depois do natal, quando apagamos a luz
Voltamos a pregar na cruz
Aquele homem a quem chamamos Jesus
Porque ao ego a mente conduz

O estado de alegria
Não resulta da felicidade
Reside justamente na magia
Do sorriso sincero em toda idade

Lembremo-nos daquela dança
De quando ainda éramos criança
Onde sempre guardávamos a esperança
E medo nenhum tínhamos da mudança

Seja esse ano como for
Já começou com o mesmo calor
Que isso aqueça o coração do ator
E traga a ele mais amor