Vivemos num país que zela pela liberdade e pela democracia e que nos dá o "direito" de votar e ser votado, mas não temos nossa liberdade respeitada quando esse direito de votar torna-se uma obrigação.
Obrigam-nos a sairmos de nossas casas para eleger pessoas que irão determinar o curso de nossas vidas, pessoas apontadas de estarem em plena decomposição pela corrupção. Como se manter íntegro no processo de votação? Como ser coerente com aquilo que acreditamos ser correto?
Dizem: "é preciso tirar eles do poder!" Mas quem pode assumir com ilibada reputação tão privilegiado e soberano cargo?
Ontem tivemos 3 possibilidades: votar num ou noutro e votar em nenhum. Se voto num, voto na continuidade do que está ai e na tão evidenciada corrupção. Se voto noutro, voto naquilo que já esteve e culminou nisso que temos, além de votar também na corrupção. E, se voto em nenhum, todos dizem que votei na anti-democracia, esquivando-me de "ajudar" o país a seguir seu curso evolutivamente democrático.
Engraçado, a liberdade de escolha parece estar atrelada à escolha de pessoas e não de convicções e valores. Ora, se não vejo minhas convicções e valores espelhados nos candidatos, porque devo estuprar minha consciência votando obrigatoriamente em alguém? Devo corromper-me também vendendo-me àquilo que está corroendo o país? Não!
Se você concorda com o candidato "A", vote nele. Se for o "B", vote nele. Agora, se nenhum deles atende à sua consciência, vote em você.
Se queremos mudar as coisas, antes de tudo devemos acreditar em nós mesmos. Acreditar que podemos escolher além daquilo que está posto. Podemos escolher sem interferência. Podemos escolher sem peso na consciência quando nossa opinião é contrária à da massa. Existe o governo, a oposição ao governo e a oposição às solapadas bases ideológicas de ambos e, legitimamente, podemos escolher entre as três possibilidades.
Esse exercício é o verdadeiro exercício da cidadania, ou seja, poder escolher as ideias (e não pessoas) que corroboram à nossa forma de concepção do desenvolvimento de uma sociedade na esfera sócio-política-econômica.
Acreditar na mudança é acreditar que ela começa de dentro para fora. Não espere que as coisas mudem apostando suas fichas em outras pessoas, delegando a elas a sua esperança de mudança. Não. Comece por você, acreditando que cruzar a rua com o sinal fechado é tão delituoso quanto o governante que rouba do pobre para dar aos ricos, pois ambas as transgressões têm a mesma raiz: o egoísmo.
Podem nos obrigar a votar, mas não podem fazer com que desacreditemos de nós mesmos.
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