segunda-feira, 27 de outubro de 2014

A festa da democracia

Vivemos num país que zela pela liberdade e pela democracia e que nos dá o "direito" de votar e ser votado, mas não temos nossa liberdade respeitada quando esse direito de votar torna-se uma obrigação. 

Obrigam-nos a sairmos de nossas casas para eleger pessoas que irão determinar o curso de nossas vidas, pessoas apontadas de estarem em plena decomposição pela corrupção. Como se manter íntegro no processo de votação? Como ser coerente com aquilo que acreditamos ser correto? 

Dizem: "é preciso tirar eles do poder!" Mas quem pode assumir com ilibada reputação tão privilegiado e soberano cargo?

Ontem tivemos 3 possibilidades: votar num ou noutro e votar em nenhum. Se voto num, voto na continuidade do que está ai e na tão evidenciada corrupção. Se voto noutro, voto naquilo que já esteve e culminou nisso que temos, além de votar também na corrupção. E, se voto em nenhum, todos dizem que votei na anti-democracia, esquivando-me de "ajudar" o país a seguir seu curso evolutivamente democrático.

Engraçado, a liberdade de escolha parece estar atrelada à escolha de pessoas e não de convicções e valores. Ora, se não vejo minhas convicções e valores espelhados nos candidatos, porque devo estuprar minha consciência votando obrigatoriamente em alguém? Devo corromper-me também vendendo-me àquilo que está corroendo o país? Não!

Se você concorda com o candidato "A", vote nele. Se for o "B", vote nele. Agora, se nenhum deles atende à sua consciência, vote em você. 

Se queremos mudar as coisas, antes de tudo devemos acreditar em nós mesmos. Acreditar que podemos escolher além daquilo que está posto. Podemos escolher sem interferência. Podemos escolher sem peso na consciência quando nossa opinião é contrária à da massa. Existe o governo, a oposição ao governo e a oposição às solapadas bases ideológicas de ambos e, legitimamente, podemos escolher entre as três possibilidades.

Esse exercício é o verdadeiro exercício da cidadania, ou seja, poder escolher as ideias (e não pessoas) que corroboram à nossa forma de concepção do desenvolvimento de uma sociedade na esfera sócio-política-econômica.

Acreditar na mudança é acreditar que ela começa de dentro para fora. Não espere que as coisas mudem apostando suas fichas em outras pessoas, delegando a elas a sua esperança de mudança. Não. Comece por você, acreditando que cruzar a rua com o sinal fechado é tão delituoso quanto o governante que rouba do pobre para dar aos ricos, pois ambas as transgressões têm a mesma raiz: o egoísmo.

Podem nos obrigar a votar, mas não podem fazer com que desacreditemos de nós mesmos.


quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Ultimamente

Escrever tem sido difícil ultimamente. Não há inspiração...ou ela não quer mais me visitar. Entretanto, existem palavras que advém da reflexão pura e simples das decisões que tomamos, não são poesias. Decisões ruins, decisões boas. Efeitos ruins, efeitos bons. Pessoas que amamos, pessoas que machucamos. Pedidos de perdão, dor no coração. Queria eu poder mudar o curso das coisas para não causar nenhum mal a qualquer pessoa que seja, mas infelizmente a inteiração entre as pessoas cria mecanismos que dificultam a harmonização das relações humanas. Inteirações positivas, inteirações negativas.

Areia que cai na ampulheta
Tinta que desce na caneta
Palavras amontoadas na prancheta

Lembranças de um momento à beira-mar
Num bom lugar quero estar
Com pássaros a revoar

À perspectiva do sofrimento
Eis a maturação do grande momento
Enquanto vejo o mundo em movimento

Razão
Emoção
Perdão