Extremos. Eles não existem em si
mesmos.
O extremo do nunca é como o nada. O nada não existe, pois o nada é em
si o espaço onde o tudo subsiste. O nunca é apenas o lapso temporal finito por onde
vagueia a decisão dita irrefutável do homem. Uma pena que ele morra e não possa
sustentar seu nunca por toda a existência. Deus não pôde permanecer
sozinho, teve de se recriar e se doar em mais vida. Daí nasce o homem, nasce a
vida orgânica e nessa vida orgânica reside a vida sobrenatural que é aquela que
estabelece as bases para a vida do amor...esse tão alienígena amor a que todos
estamos sujeitos; uns mais, outros menos...bem sabemos disso.
Até onde chegamos é lindo, sim, é lindo, pois é misterioso,
assim como a metamorfose da borboleta. Não entendemos porque existem tantas
fases estranhas para ela vir à existência tal como é, mas, quando vem, vem exuberante e
cheia de cor, de luz, de vida e de amor. Seu tempo é curto, mas o suficiente
para fazer alguém sorrir e ver nela que a vida vale a pena e que Deus é
soberano em tudo e sobre todos.
Corpos sagrados
Corpos alados
Corpos marcados
Corpos entrelaçados
Bocas atadas
Bocas molhadas
Bocas faladas
Bocas veladas
Pés sem caminho
Que me levam sozinho
Pra longe do mundo
Pra perto do fundo
Fica na memória
O instante da glória
Que hei de viver
Na aurora do amanhecer