sábado, 19 de abril de 2014

Páscoa

Páscoa. Comemoração da libertação do povo hebreu do domínio egípcio. Quando finalmente foram libertados, permaneceram vagando no deserto por 40 anos até chegarem à terra prometida de Canaã. Agora estão livres. Livres da escravidão do homem mas nem de perto da escravidão da carne. Os domínios da carne são quase que intransponíveis. É por eles que vêm a tristeza e a morte.

Jesus. Também comemorou a páscoa, mas na última ceia disse: "Isto é o meu corpo, que é dado em favor de vocês; façam isto em memória de mim"..."Este cálice é a nova aliança no meu sangue; façam isto sempre que o beberem em memória de mim"..."Porque, sempre que comerem deste pão e beberem deste cálice, vocês anunciam a morte do Senhor até que ele venha." 

Jesus, com sua morte e ressurreição, realiza a obra final de libertação do homem: libertação de si mesmo. A transformação de um coração de pedra em um coração de carne. Hoje nós conhecemos a história, mas permanecemos no deserto, ainda. O deserto entre a vida e a morte que é o vazio que vem do desejo de servir à carne em detrimento da alma. O vazio que vem do olho que vê mas não percebe. O vazio de um coração que bate mas não alimenta. O vazio das trevas que precisam de luz. 

Não há explicação genérica para Jesus e o efeito de sua história na mente e no coração dos homens. Uns aceitam, outros rejeitam. Aos que aceitam, habitam o desejo e a esperança de que um dia a paz reine sobre todos. Aos que rejeitam, habitam o desejo e a esperança de que um dia a paz reine sobre todos, só que, exclusivamente, pelas próprias mãos. Em que momento Jesus entra na minha e na sua vida? Quando tudo falha, será que Cristo pode preencher aquilo que nossas mãos não puderam?

Que nessa data não seja comemorado apenas o chocolate, mas também a doçura de um homem que amou a todos e por todos sacrificou-se a si próprio como oferta à dívida que todos temos para com nosso semelhante: a dívida de amor. Essa é a noção que me fica quando leio Jesus. A vida eterna só faz sentido à luz de um entendimento superior sobre a própria vida, pois, afinal, do que adianta viver para sempre servindo à nossa própria invenção? Não! É preciso que haja libertação dessa vida de miséria e morte para só então vivermos para sempre e em plenitude. Que o conceito de ressurreição signifique primeiramente transformação e que essa transformação seja aquela que brota de uma compreensão pura e sincera sobre nossa pequenez, frente a todos os intempéries e desafios que temos aqui para alcançar a tão almejada paz.

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