quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Turbilhão

Em um minuto tudo acontece
Em um minuto tudo desaparece
Em um minuto a alma enobrece
Em um minuto a alma entristece

Dia a dia visto minha fantasia
Passo o nictêmero em euforia...
Grande era minha alegria
Enquanto a tenra idade nada me dizia

Mas isso não é ruim
Tão somente aponta a estrada sem fim
Onde o andarilho, espelho de mim
Não quer mais ficar assim

A majestosa sensibilidade 
Não se sujeita à determinada idade
Aquiesce ao coração que jaz na calamidade
Que a miserável razão impõe com disciplinaridade

Cruz e Souza tinha razão
Feliz aquele que vive a paixão
Antes que pare o coração
E o corpo repouse eternamente no caixão

A história parece triste
Mas sei que ao fim me assiste
A presença visceral da mulher que disse: caíste!
Porém, levanta-te, pois, o amor existe!

Uma preocupação...ou declaração

Procuro por um furo
Que me leve do hoje ao futuro
Uma janela do tempo
A transportar-me pelo vento

Faço de mim aquilo que não sou
E aos outros minha essência eu dou
Sou um boneco sem vida
Que busca no seio da mulher sua guarida

Ela sabe que eu sou assim
E preciso dela perto de mim
Quero sentir o cheiro do jasmim
Antes que seja tarde e chegue o fim

Meus dias estão passando
E eu continuo amando
Pacientemente fico esperando
Tal como a pedra que não fica lamentando

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Vida e morte, morte e vida

O que é a vida ante a morte? Ou, o que é a morte ante a vida?

A vida acontece durante todo o tempo e a morte ocupa apenas um instante da existência. A vida sempre vai prosseguir porque a morte é sua fonte geradora. É pela morte que surge o impulso pelo qual a força da vida existe e prossegue. Não há como aquilo que é vivo morrer eternamente, pois não há morte que seja eterna, ela é instantânea.

Sempre que algo morre outra vida nasce. Mas a realidade não é poética, é simplesmente real, e, às vezes, ela dói.
Desde quando houve luz, houve morte. Mas, por ser a luz a origem de tudo e não ter início, a vida, que é luz, não terá fim, pois seu espectro percorre o universo.

O Criador, que esteve no meu pai, está em mim e estará nos meus filhos... E o ciclo nunca termina... Verdadeiramente, está sempre recomeçando. Eis o princípio da vida eterna.

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

A festa da democracia

Vivemos num país que zela pela liberdade e pela democracia e que nos dá o "direito" de votar e ser votado, mas não temos nossa liberdade respeitada quando esse direito de votar torna-se uma obrigação. 

Obrigam-nos a sairmos de nossas casas para eleger pessoas que irão determinar o curso de nossas vidas, pessoas apontadas de estarem em plena decomposição pela corrupção. Como se manter íntegro no processo de votação? Como ser coerente com aquilo que acreditamos ser correto? 

Dizem: "é preciso tirar eles do poder!" Mas quem pode assumir com ilibada reputação tão privilegiado e soberano cargo?

Ontem tivemos 3 possibilidades: votar num ou noutro e votar em nenhum. Se voto num, voto na continuidade do que está ai e na tão evidenciada corrupção. Se voto noutro, voto naquilo que já esteve e culminou nisso que temos, além de votar também na corrupção. E, se voto em nenhum, todos dizem que votei na anti-democracia, esquivando-me de "ajudar" o país a seguir seu curso evolutivamente democrático.

Engraçado, a liberdade de escolha parece estar atrelada à escolha de pessoas e não de convicções e valores. Ora, se não vejo minhas convicções e valores espelhados nos candidatos, porque devo estuprar minha consciência votando obrigatoriamente em alguém? Devo corromper-me também vendendo-me àquilo que está corroendo o país? Não!

Se você concorda com o candidato "A", vote nele. Se for o "B", vote nele. Agora, se nenhum deles atende à sua consciência, vote em você. 

Se queremos mudar as coisas, antes de tudo devemos acreditar em nós mesmos. Acreditar que podemos escolher além daquilo que está posto. Podemos escolher sem interferência. Podemos escolher sem peso na consciência quando nossa opinião é contrária à da massa. Existe o governo, a oposição ao governo e a oposição às solapadas bases ideológicas de ambos e, legitimamente, podemos escolher entre as três possibilidades.

Esse exercício é o verdadeiro exercício da cidadania, ou seja, poder escolher as ideias (e não pessoas) que corroboram à nossa forma de concepção do desenvolvimento de uma sociedade na esfera sócio-política-econômica.

Acreditar na mudança é acreditar que ela começa de dentro para fora. Não espere que as coisas mudem apostando suas fichas em outras pessoas, delegando a elas a sua esperança de mudança. Não. Comece por você, acreditando que cruzar a rua com o sinal fechado é tão delituoso quanto o governante que rouba do pobre para dar aos ricos, pois ambas as transgressões têm a mesma raiz: o egoísmo.

Podem nos obrigar a votar, mas não podem fazer com que desacreditemos de nós mesmos.


quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Ultimamente

Escrever tem sido difícil ultimamente. Não há inspiração...ou ela não quer mais me visitar. Entretanto, existem palavras que advém da reflexão pura e simples das decisões que tomamos, não são poesias. Decisões ruins, decisões boas. Efeitos ruins, efeitos bons. Pessoas que amamos, pessoas que machucamos. Pedidos de perdão, dor no coração. Queria eu poder mudar o curso das coisas para não causar nenhum mal a qualquer pessoa que seja, mas infelizmente a inteiração entre as pessoas cria mecanismos que dificultam a harmonização das relações humanas. Inteirações positivas, inteirações negativas.

Areia que cai na ampulheta
Tinta que desce na caneta
Palavras amontoadas na prancheta

Lembranças de um momento à beira-mar
Num bom lugar quero estar
Com pássaros a revoar

À perspectiva do sofrimento
Eis a maturação do grande momento
Enquanto vejo o mundo em movimento

Razão
Emoção
Perdão

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Discorrendo...

Extremos. Eles não existem em si mesmos.
O extremo do nunca é como o nada. O nada não existe, pois o nada é em si o espaço onde o tudo subsiste. O nunca é apenas o lapso temporal finito por onde vagueia a decisão dita irrefutável do homem. Uma pena que ele morra e não possa sustentar seu nunca por toda a existência. Deus não pôde permanecer sozinho, teve de se recriar e se doar em mais vida. Daí nasce o homem, nasce a vida orgânica e nessa vida orgânica reside a vida sobrenatural que é aquela que estabelece as bases para a vida do amor...esse tão alienígena amor a que todos estamos sujeitos; uns mais, outros menos...bem sabemos disso.
Até onde chegamos é lindo, sim, é lindo, pois é misterioso, assim como a metamorfose da borboleta. Não entendemos porque existem tantas fases estranhas para ela vir à existência tal como é, mas, quando vem, vem exuberante e cheia de cor, de luz, de vida e de amor. Seu tempo é curto, mas o suficiente para fazer alguém sorrir e ver nela que a vida vale a pena e que Deus é soberano em tudo e sobre todos.

Corpos sagrados
Corpos alados
Corpos marcados
Corpos entrelaçados

Bocas atadas
Bocas molhadas
Bocas faladas
Bocas veladas

Pés sem caminho
Que me levam sozinho
Pra longe do mundo
Pra perto do fundo

Fica na memória
O instante da glória
Que hei de viver
Na aurora do amanhecer

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Considerações do ator

A beleza que há ao nascer do dia
É a aquela que há muito eu perseguia
Está em mim de modo parelho
Pois me é imagem equidistante entre mim e o espelho

É difícil compreender sua natureza
Não faço ideia da imensurável grandeza
Tão somente conheço sua pureza
Que golpeia meu coração com destreza

A palavra que aqui aparece
É reflexo de um sentimento
Que, majestosamente, acampa e enobrece
O gênero humano que chafurda em sofrimento

Queria eu ter a coragem para vencer
A inércia que me impede de viver
Aquilo que sou e quero ser...
Quero atuar no palco sublime do entardecer

Da alternância dos momentos tristes e felizes
Advém a consciência dos fatos que se tornam crises
Esta é a soberana “razão”, imponente em sua estadia
Porém, fria como a noite sem dia

Enquanto o tempo decorre
O ator contracena e percorre
O caminho que não o socorre
E, depois de tanto lutar, morre.

A despeito de tamanha melancolia
É notória a intrínseca alegria
Pois consciente é o ator da alforria
A que alcança antes de desaparecer a magia

Graças dou
Àquilo que sou
Pois Ele me falou
Que assim me criou

Quem sou eu para questionar
Os mistérios do universo e do mar?
Antes me ocupe de comemorar
O ar que em meus pulmões sinto entrar!

A vida pode ser dura
Quando focamos a visão futura
A vida pode andar em mágoas
Quando fitamos as passadas águas
A vida pode ser branda
Quando observamos o ser que anda
E a vida é, finalmente, alegria
Quando da ausência do ontem e do amanhã, germinamos em sabedoria

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Confissão

O estranho fato da nossa relação
Não ter o estado natural da razão
Não inviabiliza o afloramento da emoção
Que invade e preenche o coração

Na beleza da inquietude da alma
Está a certeza de que na manhã verei a alva
Branca como neve da montanha
Insólita como o poeta em sua manha

Cada pedaço de ti representa
O amor que aos poucos a mim se apresenta
Um tanto disforme e complexo
Paradoxo do antagonismo que me é reflexo

Aquilo que faço sem pensar
É justamente o certo caminhar
Em que pese a disfonia da voz a cantar
Ainda que ninguém perceba a melodia no ar

sexta-feira, 18 de julho de 2014

Paradoxo

Vivemos a inércia num mundo em movimento
É ficar parado enquanto cai o vento
É pensar durante um momento
Que da morte nasce o tempo

sábado, 12 de julho de 2014

Parabéns

Meu pai me disse que nasci no dia de hoje...assim ele escreveu num pedaço de papel há 38 anos.
Qual o significado de 365 dias acrescidos ao tempo de vida de alguém? 
É diferente de 400 dias a mais? ou 321? Eu não sei.
Sei que na vida tudo é convenção. Convencionou-se que temos uma idade, devidamente calculada pelo decorrer dos dias. Os dias decorrem e a idade avança na reta numérica da matemática...

À medica que o corpo envelhece
O nobre saber cresce
Então a Deus eu faço uma prece
Pois sei que Ele nunca me esquece
Quando meu coração de seu amor carece 

quinta-feira, 29 de maio de 2014

Na verdade

As pessoas parecem sempre estar mentindo, pois sempre começam um assunto com a expressão: "Na verdade..."

terça-feira, 27 de maio de 2014

Saudade da ignorância

Hoje, quando te vejo
Tudo fica claro
Pois em meu âmago desejo
A promessa de um momento raro

O medo refreia o avanço
E no breu logo me lanço
Sinto saudades do balanço
De teus braços que me são descanso

No ponto equidistante
Reside o ser errante
Sabedor da jornada distante
Expressa em contrito semblante

Mover-se logo é emergência
Pois à paz está a aquiescência
No veio da árvore está a essência
E no meio de minh’alma tua ausência

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Meu mundo de introspecção

Escrever é viver só
É a realidade sem dó
De um mundo estranho
Onde há tristeza sem tamanho

Perco-me em delírios e loucuras
Querendo viver às escuras
Com medo de exercer a bravura
E dormir nos braços da ternura

Os sonhos da rebelde mocidade
Agora jazem no esquecimento
Pois o elemento norteador da atual idade
Sobrepõe-se ao singelo sentimento

Antes que venha a hora
Que eu desfrute agora
Da conclusão que por ora
Em meu coração vigora

Como diversas vezes falei
Mas ainda não adotei
Minha vida é hoje, eu sei
Pois amanhã não sei se despertarei

quarta-feira, 7 de maio de 2014

Ainda

Sentimento que permanece
Unicamente no coração
Zepelim que ao norte aparece
Intimamente ligado à canção
E ela não acaba não

quarta-feira, 30 de abril de 2014

Jornada ininteligível do ser

Só por um momento
Desejo sentir o vento
Entrando peito adentro
Refrescando minh'alma ardendo

A jornada da compreensão eu nunca quis
Pois desde a consciência não passo de aprendiz
Meu âmago está suspenso, sem raiz
E assim mesmo busco ser feliz

Apesar da agonia
Nem tudo é melancolia
Às vezes é só mania
De viver a emoção tardia

O observador a estrela viu
Num mundo disforme e vazio
E como num estalo tardio
Os olhos ele abriu

O coração fraco não se exprime
Pois sente que perdeu seu time
O qual agora vê pela vitrine
E chora sem que ninguém mais imagine

Não é mais que a dinâmica da vida
Onde o observador tem de adaptar-se à subida
Pois íngreme é o caminho da guarida
Onde quando a alma chega não se dá por vencida

Há muito tempo quando a criança ria
Entendimento sobre si não havia
Mas num instante ela cresceria
E da alegria despedir-se-ia

Então chega o momento
Do observador arrazoar o movimento
Que o acompanha há tanto tempo
E descobrir que a criança está aqui dentro

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Meu corpo, minha alma

A sombra do ser humano
Não se pode ocultar com pano
Somente seu corpo profano 
Que por baixo abriga o engano

A alma está desguarnecida
Pois não encontra guarida
É como a criança recém nascida
Que ao mundo vem desprotegida

Assim buscamos a utópica maturidade
Que reside desde a origem da dualidade
Corpo e alma em todas as idades
Afinal, é imperiosa essa vital necessidade

Ao final sobra o resto
Que será mais um verso
Do criador desse manifesto
Na história do universo

sábado, 19 de abril de 2014

Páscoa

Páscoa. Comemoração da libertação do povo hebreu do domínio egípcio. Quando finalmente foram libertados, permaneceram vagando no deserto por 40 anos até chegarem à terra prometida de Canaã. Agora estão livres. Livres da escravidão do homem mas nem de perto da escravidão da carne. Os domínios da carne são quase que intransponíveis. É por eles que vêm a tristeza e a morte.

Jesus. Também comemorou a páscoa, mas na última ceia disse: "Isto é o meu corpo, que é dado em favor de vocês; façam isto em memória de mim"..."Este cálice é a nova aliança no meu sangue; façam isto sempre que o beberem em memória de mim"..."Porque, sempre que comerem deste pão e beberem deste cálice, vocês anunciam a morte do Senhor até que ele venha." 

Jesus, com sua morte e ressurreição, realiza a obra final de libertação do homem: libertação de si mesmo. A transformação de um coração de pedra em um coração de carne. Hoje nós conhecemos a história, mas permanecemos no deserto, ainda. O deserto entre a vida e a morte que é o vazio que vem do desejo de servir à carne em detrimento da alma. O vazio que vem do olho que vê mas não percebe. O vazio de um coração que bate mas não alimenta. O vazio das trevas que precisam de luz. 

Não há explicação genérica para Jesus e o efeito de sua história na mente e no coração dos homens. Uns aceitam, outros rejeitam. Aos que aceitam, habitam o desejo e a esperança de que um dia a paz reine sobre todos. Aos que rejeitam, habitam o desejo e a esperança de que um dia a paz reine sobre todos, só que, exclusivamente, pelas próprias mãos. Em que momento Jesus entra na minha e na sua vida? Quando tudo falha, será que Cristo pode preencher aquilo que nossas mãos não puderam?

Que nessa data não seja comemorado apenas o chocolate, mas também a doçura de um homem que amou a todos e por todos sacrificou-se a si próprio como oferta à dívida que todos temos para com nosso semelhante: a dívida de amor. Essa é a noção que me fica quando leio Jesus. A vida eterna só faz sentido à luz de um entendimento superior sobre a própria vida, pois, afinal, do que adianta viver para sempre servindo à nossa própria invenção? Não! É preciso que haja libertação dessa vida de miséria e morte para só então vivermos para sempre e em plenitude. Que o conceito de ressurreição signifique primeiramente transformação e que essa transformação seja aquela que brota de uma compreensão pura e sincera sobre nossa pequenez, frente a todos os intempéries e desafios que temos aqui para alcançar a tão almejada paz.

terça-feira, 15 de abril de 2014

Triste mas verdadeiro

Ela me pergunta se a amo
Pois seu carinho não mais reclamo
Parece meio insano
Pois a ela eu sempre clamo

A ferocidade do dia a dia
Sobrepõem-se à latente alegria
Minh'alma desconhece a harmonia
Pois meu coração chafurda na melancolia

Mas toda essa tristeza
Não é de longe uma certeza
Tão somente a singeleza
De palavras que vêm de minha natureza

Meu amor vem de dentro
Donde nasce o vento
Sem origem a contento
Mas permeia teu mais puro sentimento

Muitos são os caminhos 
Diversas são as oportunidades
Nem todas levam ao ninho
Mas em todos está a majestosa vaidade

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Algumas questões

Às vezes sinto um vazio em mim que é verdadeiramente a falta de sentido na vida. Quando tudo está bem e existe esse sentimento, o que está faltando? Você também sente isso? Esse é um dos grandes mistérios da vida do homem. Mas quando esse vazio chega, imediatamente vem a ideia de Deus e então sinto-me preenchido. 

Se Deus existe ou não no cenário científico isso não tem importância, até porque a ciência não detém explicação para o conforto que sentimos quando pensamos no Criador de tudo. Aliás, ela nem se ocupa disso. Logo, quando as coisas não mais fazem sentido à luz do conhecimento dos homens, transcenda as barreiras do saber humano e adentre aos átrios do maior coração de todos, o coração de Deus. 

O homem é essencialmente religioso, depositando seus anseios no sobrenatural ou no material. Importa que reconheçamos isso e verdadeiramente respeitemo-nos uns aos outros, pois isso é o princípio da sabedoria que projeta o homem ao amor pelo seu semelhante.

sexta-feira, 21 de março de 2014

sexta-feira, 7 de março de 2014

Eu queria dizer uma coisa...

Com ela quero conviver
Na mais pura harmonia vencer
As diferenças para então crescer
E finalmente contemplar o amanhecer

Não quero agora me queixar
As mágoas há muito resolvi deixar
Disposto estou a continuar
Sem da vida nada sonegar

Quando a lágrima corre no rosto
Chega na boca e dá o gosto
Amargo como o desgosto
O que fazer ante isto posto?

Os dias eu conto sem pensar
Tal como borboletas no ar
E nessa sucessão astronômica do estar
Reside o momento emblemático de amar


...

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

14 linhas

escrever para viver...
...a sobriedade manter
nunca desejei ter...
ele resolveu aparecer
e eu não consegui ver...
está tudo a acontecer
sem ao menos eu compreender...
busco a resposta para aprender...
quero ao menos agradecer
pela escolha do meu ser...
este amor em mim a luz veio acender...
e depois de tanto tempo a decorrer
ele ainda quer me proteger...
O que tenho que fazer?





terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

O enfrentamento

Ter a coragem dos fatos encarar
Aceitar a verdade que baila no ar
A essa máxima difícil escapar
Entre muros não quero estar

Viver o dia sem ver o passado
No futuro nada vai ter mudado
O que hoje tenho enfrentado
Amanhã terá acabado

Assim meu tempo decresce
E minh'alma cresce
Ao que me resta a prece
Que ao meu coração aquece

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Sofrimento, Deus, Jesus e o homem

Ouço muita gente reclamar do sofrimento. Sofrimento de forma geral. Vejo muita gente sofrendo. Vejo velhos sofrendo, adultos, jovens e crianças sofrendo. Nos é dito que Deus não é o autor do sofrimento, mas sim seu anjo caído. Pois bem, então, qual a origem do sofrimento que o anjo caído nos tem imputado? Do criador perfeito ou da criatura imperfeita do criador perfeito?

O sofrimento é uma condição racional inerente à raça humana no que se refere à sua amplitude de ação. Sofremos fisicamente, emocionalmente. Sofremos porque queremos e sofremos sem querer isso.
É fácil compreender o sofrimento quando queremos isso, quando conscientemente buscamos um caminho pelo qual exista sofrimento. Difícil é compreender o sofrimento aleatório, como se fosse uma loteria. Quem será atropelado? Quem desenvolverá câncer? Qual bebê morrerá no ventre ou aos dois aninhos? Qual a próxima mulher a ser estuprada? Quando a morte virá me buscar e de que forma?

Essas são perguntas sem respostas. Quando não se compreende a soberania de um Deus que não requer respostas concebíveis, não se pode compreender o porquê do sofrimento. Não estou afirmando que Deus não exista ou que ele seja falho. Não se trada disso, afinal, quem sou eu para duvidar do universo à minha volta? Duvidar de seu incrível funcionamento e da vida que se originou aqui? Certamente existe o Criador.
Agora, afirmar que Deus existe é afirmar que ele é o autor do sofrimento? Se tomarmos como base as escrituras sagradas a resposta pode ser sim. Se a base for Jesus e sua graça salvadora a resposta é não. E então? Jesus é o Deus descrito nas escrituras ou Jesus é o messias, o filho do Pai a quem ele se referiu como sendo um Deus de amor? 

É a recorrente questão de Jeová e Jesus. O Deus hebreu é de fato o Pai a quem Jesus prestava culto?
Às vezes penso que sim, outras não. Até que ponto a história de Jesus fora contaminada (não pejorativamente) pela história judaica? Até que ponto foi-se associada intencionalmente a figura do deus hebreu à do Pai de Jesus? Até que ponto a tradição oral foi fiel aos fatos históricos? Estaria Jesus referindo-se a Jeová quando falava do seu Pai de amor, pai de todos nós? Vendo que Jesus prosperava mesmo após sua morte, teriam as pessoas escrito que o Pai era de fato YHVH, para que sua crença não sucumbisse ante a revolução de Jesus?

Jesus foi de fato um grande mestre e o maior personagem da história de todos os tempos. Agora, o que o tornou assim tão importante? Sua morte e sua ressurreição, pois, obviamente, sua história não seria a mesma sem esses fatos. Não teríamos hoje mais de dois bilhões de seguidores apaixonados pelo seu amor ao homem.

Sua história contada nos evangelhos nos diz que ele realizou muitos feitos extraordinários e que possuía uma sabedoria e inteligência além dos padrões humanos. Guardadas as devidas proporções de fidelidade na redação original  dos fatos históricos da vida e morte de Cristo, podemos seguramente saber que a essência da história é verdadeira. Ele realmente existiu, morreu e ressuscitou. Isso é a história. Duvidar disso é como duvidar de Platão, Aristóteles, Nero, Confúcio. Mas existem questionamentos legítimos, como por exemplo, se Jesus não escreveu nada, como chegou até nós a história de sua tentação no deserto? Afinal, ele estava só com Satanás. Então ele chegou do deserto após quarenta dias e contou tudo o que lhe aconteceu aos seus discípulos? Por que ele precisaria dizer isso? Ele jamais se enalteceu. Ou outra, enquanto seus discípulos dormiam, ele orava ao Pai a sua magnífica oração sacerdotal, descrita em João, capítulo dezessete. Os discípulos memorizaram essa linda oração durante o sono ou Jesus contou a eles o que havia conversado com Deus?

De fato, o evangelho, assim como o Velho Testamento, não podem ser considerados inerrantes. Não seria inteligente da nossa parte pensar assim e a defesa intransigente dessa tese é por demasiado geradora de conflitos e guerras sem motivos. Mas é perfeitamente legítimo crer em Jesus e em sua sobrenaturalidade, assim como creem outras pessoas em seus diversos deuses. Cada um tem sua base de fé e é isso que importa quando corações precisam ser confortados ao passarem por sofrimento. O que conforta a um, pode piorar o sofrimento do outro. Tudo depende de como vemos a Deus, inclusive se não o vemos, isto é, se não o consideramos parte de nossa história. É perfeitamente aceitável que a dúvida mantenha a muitos em estado de ceticismo. Para tudo existe um tempo na vida, inclusive para meditar sobre Deus. O que para uns é sofrimento, para outros é alegria. O que para uns é sofrimento, para outros é libertação. O que para uns é sofrimento, para outros é paz. O que para uns é sofrimento para outros é simplesmente a vida e seu decurso natural. Como equacionar tanta diversidade na perspectiva da compreensão do sofrimento? O ladrão que rouba e mata e que quando criança via seu pai fazer isso e o ensinava que assim era a vida, sabe do sofrimento que causa aos outros ou simplesmente está buscando a solução para o seu próprio sofrimento? Quando vem a doença, sofremos porque sentimos dor ou sofremos porque a dor nos atingiu? Sofremos pela dor física ou pela dor da alma? Por que desejamos uma morte rápida, de preferência durante o sono, com cem anos de idade, quando sabemos que no mundo existem milhões de pessoas que morrem tão depressa e nas mais terríveis situações? É no mínimo egoísta pensar assim.

Escrever sobre o sofrimento causa sofrimento por não podermos fazer nada quando o sofrimento chega, a não ser entregar o nosso carinho, compreensão, amor e solidariedade ao sofredor. Acima de tudo o que Jesus fez de sobrenatural, tal como os milagres presenciados por testemunhas oculares, ele fez o mais difícil no ser humano: transformou-lhe o coração. Existe o homem antes de Jesus e depois de Jesus. A vida antes de Jesus e depois de Jesus. O sofrimento antes de Jesus e depois de Jesus. A esperança antes de Jesus e depois de Jesus. E até mesmo Deus antes de Jesus e depois de Jesus.

Todo homem precisa de um tronco em meio ao mar.

Todo homem precisa de uma luz em meio à escuridão.

Todo homem precisa de um remédio para sua dor.

Todo homem precisa de resposta para sua pergunta.

Todo homem precisa de amor para seu ódio.

Todo homem precisa de emoção para sua razão.

Todo homem precisa de um Deus para seu vazio.

Qual será o meu, qual será o seu?


sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Um dia

Um dia teu sonho se realizará.
Um dia da prisão sairás.
Um dia tua presença será plena.
Um dia teu amor regenerará.
Um dia teu par te abraçará.
Um dia reconhecerás a identidade.
Um dia encontrarás o caminho.
Um dia repousarás.
Um dia chegarás à tua morada.
Um dia olharás para teu Criador.
Um dia o porquê será respondido.
Um dia então entenderás.
Um dia será só você.
Um dia serás a luz.
Um dia...
Um dia...
Um dia a verdade reinará.
Um dia a felicidade repousará sobre ti.

Pensando na vida

Amanhece o dia
Recobro a consciência
Retomo a guia
Da impetuosa aquiescência

Saio pela rua
Rumo ao trabalho
Logo vem a lua
Trazida pelo atalho

Dias curtos
Noites claras
Dias ocultos
Noites raras

Estou com fome
Diz o tempo
Ele me consome
E me cospe pelo vento

Eis a questão intermitente
Da vida encontrar sentido
Tenho sido inconsequente
Pois meu eu tem me traído

O erro ao acerto conduz
Talvez seja a redenção
Quero tornar à luz
Que alumia meu coração

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Qual título você dará?

Às vezes nos questionamos sobre coisas que não fazem sentido. O que isso significa? A que conclusão chegar para algo que não há uma resposta racional? Quais são as coisas que não fazem sentido?
Faz sentido o que questiono agora? Que tipo de conexão é estabelecida no cérebro que leva o homem ao desconhecido mundo do abstrato? Por que você lê isso e tenta encontrar as respostas?

No submundo da consciência
Habita o ser questionador
Lhe falta ainda a inteligência
Para os porquês do amor

Vejo o homem aflito na cidade
Ele corre para seu problema
Quando receberei a maturidade
Para enfrentar esse dilema

Fazer alguém sofrer
É muito fácil sem querer
Difícil é compreender
O coração que quer sobreviver

Eis mais um dia
Mais um fim da jornada
E tudo o que eu queria
Hoje me é nada

Não devo ficar triste
Afinal a vida ainda existe
Aos atores em cena assiste
O legado da peça que subsiste

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Uma verdade sobre mim

Ser como criança
E rir do palhaço
Eis minha esperança
De querer ainda um abraço

Na mais tenra idade
A emoção é minha razão
Antes que habite a vaidade
Que o sorriso blinde meu coração

Ser feliz a essa idade
Requer manobras novas
Lembrar da mocidade
Nas rimas, versos e trovas

Quando meu pai chorava
Muitas vezes não entendia
Tudo aquilo que ele acreditava
Em um minuto se perdia

Minha mãe a distância o fitava
Entre eles eu estava
Tamanho o abismo que os separava
Hoje reflito no que ela pensava

Penso que a vida é um grande manifesto
Que declara o ato do Criador do universo
Que antes de findar o verso
Permeie-me sua presença que na criação atesto

domingo, 19 de janeiro de 2014

Da Dor ao Perdão

Existem momentos na vida em que temos de tomar decisões. Aliás, as tomamos diariamente, mas falo daquelas que causam grande impacto em nosso ser. 
Às vezes, quando você se encontra só, vem aquela voz da consciência dizendo que é hora de mudar a direção para a harmonia da vida permanecer ou estabelecer-se. Então, a decisão, que ora estava no lado direito, ora estava no lado esquerdo, encontra-se no ponto mediano que divide o cérebro, quase se perdendo, se é que isso é possível. 
Uns chamam de voz da consciência, como disse anteriormente. Outros a chamam de a voz de Deus.
O que Deus tem a ver com isso? É Deus falando? Sou eu pensando? São os desígnios de Deus ou são minhas escolhas? Tudo depende de como compreendo minha vida, minha origem. Depende de como faço as perguntas, isto é, se as faço direcionadas a Deus, na expectativa de uma resposta divina ou se as faço a mim mesmo, sem criar nenhuma expectativa, nenhuma esperança.
Se Deus é parte das minhas decisões, então tenho um amigo em quem posso depositar minhas esperanças e angústias. Se sou auto-suficiente para dirimir essas questões, então estou só.
Eu sou livre para escolher, inclusive, escolher se quero Deus do meu lado ou não.
Não há penalização por deixar Deus de lado. Afinal, ele mesmo criou-me assim, independente. O que há são apenas consequências. Consequências de se fazer certo e consequências de se fazer errado. Isso advém das relações humanas e da nossa relação com Deus, buscando manter equilíbrio interno e estabelecer a paz de que tanto necessitamos.

Uma pedra em meio ao mar
Sobre o cume um homem a sentar
O infinito horizonte a olhar
E uma importante decisão a tomar

Nuvens encobrem o sol poente
Pássaros revoam à minha frente
Penso em mim, penso na gente
Já é hora de fazer diferente

Enquanto percebo a maré vazante
Reflito sobre a vida errante
Antes fosse a vida infante
Que não se opunha à consequência rompante

Como é bela a natural paisagem
Que contrasta com minha frágil roupagem
É Deus disforme na real miragem
Ou eu mesmo imerso em minha própria bobagem?

Sinto a iminente decisão no ar
A oportunidade simplesmente quer estar
Quando digo já é hora de parar
E nos trilhos do perdão voltar ao lar

De todo sofrimento que jaz na emoção
Existe o residual mesclado em minha oração
Que à intangível liberdade impere o não
Para enfim receber a paz em meu coração

Continuando a Vida

Eu sigo por corretos trilhos
Que me levaram a meus filhos
Que meu caráter acarrete confiança
E que esta seja a razão de minha esperança

Em ti deposito meu corpo
Em ti quero repousar minh’alma
Que assim permaneça morto
O ontem, o vazio, o trauma

É sobremodo difícil dizer que amo
Quando no coração vejo o reclamo
Da mulher que tanto clamo
Dizendo-me eu te amo

Quero segurar tua linda mão
Quero receber a iminente remissão
Que não morra a indelével índole da razão
Que campeia os átrios do meu coração