Eu vivo tentando alcançar
Aquela gota de orvalho no ar
Quanto mais o braço esticar
Mais distante ela quer estar
Então penso em sair
E eis que em meu ombro sinto ela cair
Mas não toco com medo dela partir
E continuo em frente para não desistir
Leia, reflita e cuspa fora se for amargo. Se for doce, deguste bem devagar para não esquecer do gosto...
segunda-feira, 26 de agosto de 2013
sábado, 17 de agosto de 2013
Contato
Nas milhões de sinapses nasce o abstrato
Que permeia e introduz o substrato
Daquilo que é o retrato
Do que tenho contigo em contrato
Que preconiza o que tens de imediato:
Meu amor, meu corpo, contato.quinta-feira, 15 de agosto de 2013
O Inverno da Alma
Todos os dias a natureza nos dá grandes espetáculos.
Os primeiros raios do sol que saem por trás da montanha, o céu azul, as nuvens
brancas e desenhadas, a chuva que lava a terra, o vento que semeia vida em
todos os lugares. Temos também o frio que abriga a brancura da neve que atrai a
todos, quase todos. Aqui no sul, quando vem a neve vêm também os desocupados do
dinheiro ou do tempo. Eles vêm para tocar na neve, pegá-la nas mãos e fazer
bolinhas e bonecos patéticos de si mesmos. É como se houvesse um branco em suas
mentes (é, a neve embranquece até o cérebro) e eles se tornam como crianças
encantadas por algodão doce. Gastam muito dinheiro para chegar à neve.
Inclusive, rezam, oram a Deus, aos deuses, para que a tal neve caia em suas cabeças.
Então quando ela cai, eles sorriem como idiotas e levantam seus braços ao céu,
agradecendo às preces atendidas. Existe um lado muito sombrio no ser humano.
Enquanto desejam que o frio que os faz felizes se intensifique e que a chuva
caia em forma de neve, desejam também ao seu semelhante desafortunado que a
neve caia também sobre suas cabeças desnudas, trazendo o frio triste, que
diminui a pulsação de seus corações e paralisa sua circulação sanguínea. Assim,
esses pobres de dinheiro padecem inconscientes de si mesmos, porém, cientes da
miséria à que chegaram, na maioria das vezes, por falta de oportunidades que no
fundo lhes foi roubada pelos imbecis da neve. (Jesus dizia: "Quem lê entenda.")
A vida é assim. Muitos preferem gastar seu dinheiro
fazendo bolinhas de neve e bonecos de si mesmos, patéticos.
Quantas pessoas poderiam estar aquecidas se não
fossem feitos esses bonecos...
Quantos caixões a menos haveria no cemitério...
Até onde a felicidade tem que ser buscada na
indiferença e no egoísmo que assola o ser humano...
Eu tenho muito dinheiro
Eu tenho muito tempo
Quero ter o mundo inteiro
Quero ir através do vento
Assim diz o rico insensato
Que tem o melhor sapato
Enquanto o pobre adormece
Na mente que o frio entorpece
Ai vem o frio minha gente...
É pra lá que vamos, em frente!
Do corpo estirado ao chão desvio o curso
Quero mesmo neve e branco urso
É difícil reverter esse engano
Pior é entender o ser humano
Que flerta com o profano
Pois da indiferença é decano
O problema não é a neve, ela é bela assim como tudo
na natureza e você pode tocar nela. Mas não deixe de tocar no seu irmão,
experimente também a sensação de calor humano.
E eu te pergunto: o que te faz feliz? Você dentro de
um carro ou avião rumo à neve ou você sentado à frente da fogueira conversando
com seu irmão? Você que leu até aqui e gosta de neve, não me leve a mal, talvez
não tenha gostado ou ficou instado à profunda reflexão. A neve faz bem dentro
da geladeira, não dentro do seu coração. Se mesmo assim você não concorda,
espere até o natal e vá buscar a neve no Nepal!
sexta-feira, 2 de agosto de 2013
Ó Meu Senhor, Sou eu Senhor?
Qual a vantagem competitiva
Do homem ficar na expectativa
Da resposta àquilo que não sabe o que é
Tão somente por meio de sua fé?
Dizem que a fé o faz retroceder
No processo de desenvolvimento do ser
Qual, pois, a alternativa para entender
A busca de sua origem que o faz transcender?
Como explicar o altruísmo?
Ele pertence a qual “ismo”?
Ao sobrenaturalismo
Ou ao materialismo?
Na maturidade da idade
Percebe-se a complexidade
Da vida em sua superioridade
Quando então surge a vaidade
Se o tudo adveio do nada
Qual a mensagem revelada?
Que Deus é obra-prima da mente infectada
Ou que ao pó a vida está definitivamente fadada?
Que sentido há em afirmar que da lama
Surgiu um ser que ama
E que por um criador clama
E de paixão seu coração inflama?
Importa que a cada um se faça revelar
A resposta do enigma no ar
Pois em definitivo queremos nos entregar
À pedra finita ou ao imensurável ser que nos faz
amar
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