segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Um olhar na internet


Palavras soltas num mundo binário
Tentam tocar corações no imaginário
É como ver peixes num aquário
Assim como aves num aviário

Na frente da tela iluminada
Pessoas em meio ao nada
Escondem-se na madrugada
E ao coração imputam-lhe a punhalada

Almejam o beijo real
Aquele que é antídoto natural
Contra os ditames em tela que fazem mal
Contra esse mundo desnatural

E a vida prossegue assim
Eu querendo saber de ti
Tu querendo saber de mim
E o mundo querendo saber da coisa em si

Não compreendeu busque na internet
Onde pra tudo existe resposta
Pois desse mundo é maquete
Tal como a simetria da matriz transposta

E então você pode se decepcionar
Ao perceber que pela vida real esteve a esperar
E que agora tudo que quer é refrear
Para continuar onde está e não ter de enfrentar

Quero sossego, quero paz
Quero a vida que não se desfaz
Quero dedos a acariciar
Quero-os não mais a teclar

Espero por um dia que há muito me pertencia
Tal como aquele da velha mania
Do menino que às seis à padaria ia
E, que avistado, sorria

Espero realmente por um dia de alegria
Não por confusa tecnologia
Pois a essa obscura euforia
Prefiro azul e verde em real harmonia

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